Depois de mais de 4 meses sem publicar nada por aqui, finalmente chegaram as férias e vou retomar as atividades de "blogueira", mesmo que temporariamente!
Primeiro quero compartilhar minhas experiências de estágio que na maior parte do tempo superaram minhas expectativas. Sabe aquela sensação de que por mais que você tenha aprendido muito e estudado que nem uma louca nos últimos 3 anos, ainda assim parece que não sabe quase nada?! Então... no estágio você começa a descobrir que sabe mais do que imaginava e ao mesmo tempo que ainda tem muuuito a aprender. Paradoxal, mas super real!
Esse primeiro semestre foi dividido em 3 estágios, vou citá-los abaixo e na sequência vou relatando minha experiência em cada um deles:
ESTÁGIO EM NUTRIÇÃO SOCIAL - UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE:
Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), não há nutricionista concursado. Pelo menos não aqui na minha cidade. Na verdade nas unidades que atuamos, não é mais UBS, agora se chama USF (Unidade Saúde da Família), onde há médicos, enfermeiras, assistentes sociais, dentistas e a farmácia popular. Isso significa que se não houvessem estagiárias como nós, a população simplesmente não teria atendimento nutricional, tanto é que em uma das unidades que estagiamos, havia uma lista de espera para atendimento com a Nutricionista de mais de 1 ano e com muitas folhas com nomes de pacientes (e haja paciência dos pacientes para esperar tanto tempo!). Isso mostra como é necessário a contratação de profissionais nutricionistas na equipe multidisciplinar de Saúde da Família.
Eu pude observar que a maioria dos casos dos atendimentos médicos nas unidades, eram relativos a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), as quais tem origem principalmente pelos maus hábitos alimentares que levam ao excesso de peso e obesidade, além da falta de exercícios físicos. Isso me faz concluir que muitos dos atendimentos médicos poderiam ser evitados se houvesse um atendimento nutricional prévio, atuando na prevenção desses problemas ocasionados pela má alimentação.
Os maiores problemas de saúde pública encontrados nas unidades são obesidade, diabetes e hipertensão. Todos poderiam ser evitados se o tratamento nutricional estivesse melhor difundido nas unidades de saúde, ensinando a população a se alimentar de maneira saudável e contribuindo na prevenção dessas patologias.
Nosso atendimento como estagiárias de nutrição era basicamente de Orientação Nutricional após anamnese e avaliação física. Pelo fato de não termos tempo disponível dentro do período de estágio para proporcionar uma consulta de retorno, não elaborávamos cardápio nem dieta personalizada, apenas orientações.
ESTÁGIO EM SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL:
(Legenda da foto: Voluntárias da Cozinha Comunitária na Oficina do Pão)
O estágio em SAN (Segurança Alimentar e Nutricional) foi realizado em 3 locais diferentes. Na Provopar onde foram realizadas mini palestras de diversos temas com as voluntárias da Cozinha Comunitária, no Centro de Convivência de Idosos da Fundação Assis Gurgacz onde desenvolvemos diversas atividades com os idosos sobre alimentação saudável e hábitos de vida saudáveis e com o Grupo de Jovem Aprendiz, também na FAG onde realizamos aulas de educação nutricional sobre Alimentos Saudáveis e Industrializados.
Nossas ações foram baseadas nas diretrizes do PNAN (Política Nacional de Alimentação e Nutrição, cuja uma delas é a Promoção da Alimentação Adequada e Saudável que utiliza ferramentas de educação nutricional.
Nesse estágio pudemos perceber que independente do grupo que estávamos trabalhando, sempre havia muito o que ensinar a eles e por mais que já melhorou muito, o conhecimento em Alimentação Saudável ainda é escasso na população.
ESTÁGIO EM NUTRIÇÃO SOCIAL NA ESCOLA:
Esse estágio se resumiu em Educação Nutricional para crianças. Atuamos em dois tipos de escola (uma pública e outra particular). Em ambas o maior problema encontrado foi o consumo escasso de alimentos naturais como frutas e verduras e o excesso de alimento industrializados.
Encontramos um número grande de crianças acima do peso e um número muito escasso de baixo peso, ou seja, a famosa transição nutricional.
Elaboramos atividades sobre a origem dos alimentos, alimentos saudáveis e não saudáveis, pirâmide dos alimentos e até questões de higiene alimentar e higiene corporal. Utilizamos dinâmicas, brincadeiras e atividades voltadas a cada idade que estávamos trabalhando e pudemos perceber a necessidade de nutricionistas atuando na educação nutricional nas escolas, pois a maioria das crianças assim como os seus pais não tem um conhecimento sobre como se alimentar adequadamente.
Outro ponto importante seria avaliar como é feita a fiscalização do que é oferecido na cantina de escola particular (para venda), pois as leis já proibiram muitos alimentos, porém ainda vimos vários produtos nada saudáveis sendo vendidos e em porções nada adequadas para crianças menores de 10 anos.
Já na escola pública, o problema é sempre o valor arrecadado para a aquisição da merenda do município com o valor que seria necessário para a elaboração de um cardápio realmente dentro das leis da alimentação. Pois por falta de verba suficiente opta-se por proteínas mais baratas e de má qualidade, e em muitos casos em quantidade menor do que o preconizado pelo PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar).
Bem... de maneira bem resumida essa foi a minha experiência como estagiária de nutrição nesse primeiro semestre. A parte clínica, hospitalar e UAN ficou para o próximo semestre e já estou ansiosa.
Vou postar mais sobre assuntos de nutrição agora nas férias... alguma sugestão?
É muito bom estar de volta!
Beijos,
Jéssica
Fontes para consulta sobre PNAE:
Fontes para consulta sobre PNAN: