sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

METABOLISMO DE CARBOIDRATOS - Classificação dos Carboidratos


Olá pessoas que amam Bioquímica! Tudo bem com vocês? Eu super me empolgo com esse tema.. então bora!

O metabolismo nada mais é que um esse monte de reações que ocorrem dentro do nosso corpo o tempo todo. Não sei se todo mundo é assim, mas eu preciso ver alguma lógica para eu aprender algum assunto, não basta me passar a informação e decorar, eu preciso entender o porquê, da onde veio e prá onde vai! Por isso que a química é encantadora, como já dizia Antoine Lavoisier no século XVIII:
"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."
Com essa frase perfeita, ele definiu a lei da conservação das massas. Saiba mais aqui

E o Metabolismo dos Carboidratos, Jéssica?

Então minha gente, os carboidratos são moléculas orgânicas formadas por átomos de Carbono, Hidrogênio e Oxigênio (CHO) no caso dos monossacarídeos, por isso a gente abrevia assim e por isso eles são também chamados de Hidratos de Carbono e em inglês de Carbohydrates. Mas eles podem ter outros átomos na molécula também, como no caso dos dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.

Eles são nossa principal fonte de energia e são responsáveis por diversas funções biológicas. 

Eles são classificados de várias maneiras: 

  • De acordo com o número de Carbonos,
  • De acordo com a localização da Carbonila,
  • De acordo com o grau de polimerização (número de unidades monoméricas... calma você já vai entender!)
GRAU DE POLIMERIZAÇÃO:

  1. Monossacarídeos: Moléculas de baixo peso molecular, com 3 a 6 átomos de Carbono formando uma única unidade (unidade monomérica) se conexão com outras unidades (nenhuma ligação glicosídica). Exemplos: manose, ribose, desoxirribose, galactose, frutose e glicose.
  2. Dissacarídeos: Formados pela ligação glicosídica entre dois Monossacarídeos com 6 átomos de Carbono, são formados pelas hexoses (veja abaixo o que são hexoses). Precisam ser digeridos para serem absorvidos. Exemplos: sacarose, lactose, maltose e isomaltose. Os Mono e Dissacarídeos possuem sabor adocicado.
  3. Oligossacarídeos: Pequenas cadeias de monossacarídeos (podendo ser denominados de tri a pentassacarídeos dependendo do número de monossacarídeos presentes na molécula). Exemplos: maltodextrina, inulina, oligofrutose, estaquiose, ciclo-heta-amilose. Com exceção da maltodextrina, os oligossacarídeos não são digeridos em humanos.

 Ligação Glicosídica é uma ligação covalente que ocorre entre os monossacarídeos para formar dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.
A complexidade do carboidrato aumenta de acordo com o  número de ligações glicosídicas. A ligação glicosídica é sempre acompanhada de uma letra grega alfa ou beta, dependendo da posição dos átomos de Hidrogênio ou Hidroxila (OH) do Carbono 1 (C1) do primeiro monossacarídeo. 

Isso é muito importante no processo de digestão dos carboidratos, pois as enzimas são específicas para cada tipo de ligação glicosídica, se uma determinada enzima hidrolisa a ligação alfa por exemplo, ela não o faria se a ligação fosse beta.

NÚMERO DE CARBONOS:
Os principais tipos de Monossacarídeos podem ter de 3 a 6 Carbonos.


  • Trioses: 3 Carbonos
  • Tetroses: 4 Carbonos
  • Pentoses: 5 Carbonos
  • Hexoses: 6 Carbonos
LOCALIZAÇÃO DA CARBONILA:

Carbonila é um grupo funcional constituído de um átomo de Carbono (C) e um de Oxigênio (O) unidos por dupla ligação. O Carbono é um átomo que precisa fazer 4 ligações para se tornar estável, pois tem 4 elétrons na sua última camada.
Sendo assim, no grupo Carbonila, o Carbono já faz 2 ligações então precisa de mais 2 para se estabilizar. Abaixo em vermelho, apresento-lhes a Carbonila:

Voltando a classificação quanto a localização da Carbonila:

  • Aldoses (aldeídos): possuem a Carbonila no início da cadeia carbônica (Exemplos: Glicose, Desoxirribose, Galactose, Manose, Ribose).
  • Cetoses (cetonas): possuem a Carbonila no segundo Carbono da cadeia carbônica (Exemplos: frutose, ribulose, xilulose).
 


CLASSIFICAÇÃO QUANTO A DIGESTIBILIDADE:

A digestibilidade depende da presença de enzimas específicas que reconhecem e fazem a hidrólise (quebra) das ligações glicosídicas, liberando assim os monossacarídeos para serem absorvidos.  Ela varia dentre as diferentes espécies, no homem a classificação é assim:
  • Carboidratos digeríveis: sofrem degradação pelas enzimas humanas. Exemplos: amido, sacarose, lactose, maltose e isomaltose.
  • Carboidratos parcialmente digeríveis: por alguma razão não sofrem digestão no intestino delgado. Exemplo: oligossacarídeos (exceto maltodextrina).
  • Carboidratos não digeríveis: não sofrem degradação pelas enzimas digestivas humanas, mas podem sofrer processo de fermentação pelas bactérias intestinais, desempenhando importantes funções no organismo humano. Exemplos: polissacarídeos não amido, oligossacarídeos e amido resistente.

Chegamos ao fim da primeira parte, os Carboidratos têm uma classificação longa, mas é necessário entender o porquê de tudo, como eu disse no início, para tudo fazer sentido lá no final quando estivermos vendo as rotas metabólicas.

Se você chegou até aqui... obrigada pela paciência! Em breve tem mais...
Beijos,
Jéssica.





terça-feira, 15 de dezembro de 2015

NUTRIÇÃO & METABOLISMO - Introdução

Olá gente linda! Vamos dar uma espairecida dos conteúdos materno infantil... até eu já dei uma cansada de falar nisso! Depois mais pra frente a gente volta pra falar da alimentação infantil, amamentação, introdução alimentar...etc.!

Agora tô na pilha de falar no meu assunto preferido dentro da Nutrição:
❤️‍METABOLISMO❤️‍
A palavra "metabolismo" tá na moda. É um tal de todo mundo querer sugerir alguma coisa mágica que faz acelerar o metabolismo... já outros dizem: "Meu metabolismo é muito lento... qualquer coisa me engorda!" Mas será que todo mundo entende o que de fato é METABOLISMO?

Essa palavra compreende um complexo processo no qual se obtém, armazena-se e utiliza-se ENERGIA, assim como todas as reações de transformação de substratos obtidos do meio (Carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, por exemplo) em compostos característicos de cada organismo (glicogênio, ácidos graxos, aminoácidos, etc.), e isso tudo ocorre através de uma intrincada cascata de reações químicas. 



Nosso metabolismo é composto pelas seguintes rotas:

  • Oxidativas de substratos energéticos
  • Armazenamento e mobilização de substratos energéticos
  • Biossíntese
  • Detoxificação e excreção de resíduos
Os alimentos fornecem os substratos energéticos (CHO, PTN, LIP) que o nosso corpo utiliza para a produção de energia através da rota de OXIDAÇÃO.

O excesso de substratos energéticos é armazenado pelas rotas de ARMAZENAMENTO para ser utilizado em situações em que não há novo suprimento de energia pela alimentação (jejum).

Alguns compostos não são sintetizados pelo nosso organismo, precisamos ingerí-los exclusivamente através da alimentação, para serem disponibilizados pela rota de BIOSSÍNTESE. São chamados de ESSENCIAIS, como alguns aminoácidos, vitaminas e ácidos graxos essenciais.

Outros compostos chamados de XENOBIÓTICOS (substâncias estranhas, medicamentos, toxinas presentes no ar que respiramos, compostos tóxicos em geral) são removidos do nosso organismo pelas rotas de DETOXIFICAÇÃO e EXCREÇÃO.

Essas rotas são divididas em:
  • Rotas Anabólicas: Rotas de Armazenamento e Biossintéticas, que sintetizam grandes moléculas a partir de componentes menores.  
  • Rotas Catabólicas: Rotas de Oxidação de substratos energéticos, quebram moléculas maiores em componentes menores.

O Anabolismo (síntese de biomoléculas) sempre necessita de energia para que ocorra, por isso se dá em situações onde há excesso de substratos para a síntese e bastante energia no meio celular.

O contrário ocorre com o Catabolismo, que libera energia ao degradar biomoléculas. Sempre que houver necessidade energética, as moléculas degradadas funcionarão como substratos para a liberação de energia que o meio celular necessita.


Esse dois processos (Anabolismo e Catabolismo) são antagônicos, mas ocorrem de maneira articulada de forma a maximizar a energia disponível dentro da célula.

As biomoléculas energéticas são os CARBOIDRATOS, LIPÍDIOS e PROTÉINAS, obtidas pela alimentação ou pela mobilização das reservas orgânicas no caso de ingestão deficiente ou aumento do gasto energético (exercícios). Essas moléculas após processos oxidativos (na presença de O2) são sintetizadas em ATP nas mitocôdrias, portanto para que haja aproveitamento energético completo é essencial a presença de mitocôndrias e Oxigênio celular. 

Quando não há mitocôndrias (como nas hemácias, por exemplo) ou quando não há oxigênio suficiente disponível (como nas células musculares submetidas a esforço físico extremo), ocorre o metabolismo ANAERÓBICO.

O metabolismo anaeróbico é exclusivo dos carboidratos, cujo produto final é o LACTATO que pode ser reciclado e gerar novas moléculas de glicose (GLICONEOGÊNESE). Além do lactato, os aminoácidos e o glicerol também são convertidos em glicose por esta via.

Precursores da Gliconeogênese


Essa foi só uma introdução ao Metabolismo, nos próximos posts vou abordar separadamente Metabolismo de Carboidratos, Metabolismo de Lipídios e Metabolismo de Proteínas.

Abaixo uma imagem das Vias Metabólicas que iremos ver nos próximos posts:


Por hoje é só pessoal... amanhã é meu último dia de trabalho antes das férias então semana que vem poderei postar mais frequentemente. Espero que estejam gostando. Qualquer dúvida já sabem... é só perguntar! 

Beijos,
Jéssica. 





sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

CÁLCULOS NUTRICIONAIS PARA A GESTANTE

Cálculo de gasto energético total (GET) - segundo RDA (Recommended Dietary Allowance)
(considerar o peso pré gestacional)

» A partir do 2º trimestre: GET + 300 Kcal.
» Gestante adolescente ou baixo peso deve adicionar 300 Kcal desde o início da gestação.

Outra recomendação da RDA, 1984 para mulheres adultas é a seguinte fórmula de bolso:


» 36 Kcal /kg de PESO IDEAL

Para isso, calcular primeiro o peso ideal (PI) da gestante e acrescentar 300 Kcal de adicional a partir do 2º trimestre.

Cálculo do PI:


» Se for gestante adolescente utilizar  40 a 50 Kcal por Kg de peso corporal.

Cálculo do PI pela curva de Atalah:

» Primeiro deve-se estimar o valor energético total (Não basal).
» Usar o PI para a idade gestacional considerando o IMC encontrado na tabela  e a altura da gestante.
» Não é necessário adicional de 300 Kcal.



Cálculo de gasto enérgético total (GET) - segundo DRI (Dietary Reference Intakes)
Legenda:
EER = Estimativa Energética Recomendada
EER pg = Estimativa Energética Recomendada Pré gestacional

No 1º trimestre não tem adicional energético, no 2º e 3º trimestres o adicional energético é:
 (8 Kcal X idade gestacional) + 180 Kcal




Para a Gestante de Gêmeos (gemelar):


Esses foram os cálculos... qualquer dúvida podem perguntar!
Beijos,
Jéssica.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

ATENDIMENTO NUTRICIONAL PRÉ NATAL

Primeira consulta da Assistência Pré-Natal

Realizada pelo médico, onde são levantados os históricos detalhados sociais, familiares, ginecológicos, obstétricos e médicos, junto com exame físico completo.

Os antecedentes ginecológicos são menarca (que é a primeira menstruação, que vimos no post introdutório onde falei dos riscos de engravidar muito perto da primeira menstruação da jovem mulher), contraceptivos, DST, cirurgia ginecológica, tratamento para infertilidade, exames de mamas, último citopatológico, sexualidade, etc..

Os antecedentes obstétricos são as gestações anteriores (incluindo abortos, partos, nascidos vivos, primeira gestação, intervalo entre gestações, RNPT (recém nascido pré-termo ou prematuro), RNBP (recém nascido baixo peso), macrossomia (RN com mais de 4kg), morte neonatal precoce (primeiros 7 dias), natimorto, complicações em gestações anteriores (pré eclâmpsia, etc), anomalias, gravidez ectópica (que ocorre fora do útero, tubária), complicações no puerpério, aleitamentos anteriores, última gestação.

Quanto a gestação atual, verificar DPP, DUM, idade gestacional, teste de gravidez (data, tipo, resultado), percepção dos primeiros movimentos fetais, gestação planejada ou desejada.

Essas informações são importantes para auxiliar na conduta do nutricionista e prevenir complicações e deficiências nutricionais.

Na consulta inicial, é comum pedir exames rotineiros e alguns complementares, de acordo com o risco e gravidade de cada caso. Os exames são:
  • URINA: tipo 1 - proteinúria, piúria, hematúria, glicosúria
  • SANGUE: Tipagem sanguínea (incompatibilidade), Sorologia para lues (sífilis), Dosagem de Hb (para constatar ausência de anemia)
  • HEMOGRAMA COMPLETO: leucograma e eritrograma
  • GLICEMIA
  • TOXOPLASMOSE
  • RUBÉOLA
  • HEPATITES
  • AIDS
  • PARASITOLÓGICO
  • CITOPATOLÓGICO (Papanicolau)
  • DST
  • PRESSÃO ARTERIAL
  • BATIMENTOS CARDÍACOS FETAIS (BCF): normal 120 a 160bpm
  • PALPAÇÃO
  • ULTRASSOM
  • PELVIMETRIA CLÍNICA
Hemoglobina, hemograma e urina que tenham se mostrado alterados no início da gestação, deverão ser repetidos no terceiro trimestre. (MINISTÉRIO DA SAÚDE. Assistência Pré-natal. Manual Técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2000)
Conduta normal para gestantes:
Suplementação de Ferro a partir da 20ª semana: 1 drágea de sulfato ferroso/dia (300mg corresponde a 60mg de ferro elementar) entre as refeições junto com sucos cítricos, pois o ferro é melhor absorvido junto com vitamina C. 
A interpretação desses exames eu vou abordar num post completinho sobre exames Bioquímicos, mais adiante. Aguardem! Depois eu colocarei o link aqui.

A primeira consulta pré-natal com o nutricionista

Assim como toda primeira consulta deveria ser, o nutricionista começa com uma anamnese buscando saber todo o histórico da paciente, características obstétricas e médicas, juntamente com o exame físico completo.

Dados colhidos durante a anamnese com a gestante:
  1. Idade materna, atividade profissional;
  2. Idade gestacional;
  3. Tabagismo, etilismo, escolaridade, condição socioeconômica e de moradia, outros fatores de risco;
  4. Prática de atividade física (qual, frequência, há quanto tempo);
  5. Anamnese alimentar detalhada (para avaliar frequência de consumo e ingestão habitual de certos alimentos, verificando a presença de tabus alimentares, desejos e vontades comuns no período);
  6. Altura uterina - no prontuário médico (uma gestação normal tem o crescimento de 4 cm/mês);
  7. Pressão arterial - no prontuário médico;
  8. Presença de edemas nos membros, uso de medicamentos;
  9. Histórico obstétrico pregresso (ocorrência de aborto ou natimorto, ganho de peso anterior, intervalo interpartal, RCIU - restrição crescimento intra uterino, prematuro, síndrome hipertensiva);
  10. Doença obstétrica atual (número de fetos, ganho de peso inadequado, pré eclâmpsia e eclâmpsia);
  11. Intercorrências clínicas (cardiopatias, nefropatias, endocrinopatias, hemopatias, infecções) - no prontuário médico.
  12. Funcionamento do TGI - trato gastro intestinal (possibilita prevenir e acompanhar sinais e sintomas como constipação, que é muito comum durante a gestação);
  13. Avaliação de possível aleitamento materno (condições do mamilo, experiências anteriores, intenção de amamentar e tabus);
  14. Avaliação do estado nutricional (detectar situações de risco nutricional tanto para a gestante quanto para o bebê, por meio de dados laboratoriais, dietéticos, clínicos e antropométricos).
Após traçar a impressão do quadro gestacional, referente a sua alimentação habitual, estilo de vida e estado nutricional, o nutricionista irá agora elaborar sua conduta nutricional.

A conduta se trata do que o nutricionista irá orientar e recomendar à paciente de maneira individualizada, explicando com clareza as substituições e as porções da dieta prescrita, bem como o próprio plano alimentar elaborado pelo nutricionista.

A dieta individual para a gestante deve, dentro do possível, corrigir hábitos alimentares inadequados, prestando atenção a sinais e sintomas digestivos.

Abaixo, algumas orientações para o período gestacional, destinadas a uma gestante sem intercorrências e com ganho de peso adequado:

  • Procure se alimentar em ambiente tranquilo e mastigue bem os alimentos. Isso ajuda a evitar azia após a refeição.
  • Tome o medicamento que contém ferro (suplemento de ferro, como por exemplo, sulfato ferroso) com um pouco de suco de fruta cítrica (laranja, limão, acerola), de preferência, meia hora antes do almoço. Dê um intervalo de 2 horas para ingerir leite ou derivados.
  • Aumente o consumo de frutas e hortaliças frescas, pães e cereais integrais. Esses alimentos são ricos em carboidratos, vitaminas, sais minerais e fibras.
  • Não coma muito, principalmente à noite. É melhor comer menos quantidades e mais vezes ao dia. Isso diminui desconfortos como azia e náuseas, evita períodos longos de jejum e favorece a oferta constante de nutrientes para o bebê.
  • Evite comidas com temperos fortes, ex: pimenta, mostarda, vinagre, etc. Modere o consumo de sal.
  • Beba pelo menos 2 litros de água por dia, longe das refeições. Esse hábito ajuda na digestão e no bom funcionamento do intestino.
  • Leite e derivados (iogurte, queijos) são fontes de cálcio, mineral necessário para a formação dos ossos da criança. Procure consumi-los todos os dias no café da manhã e lanche da tarde.
  • O consumo de biscoitos salgados tipo cream cracker, pela manhã, ajuda a controlar as náuseas.
  • Evite cigarros e bebidas alcoólicas, pois prejudicam o crescimento da criança.
  • É desaconselhável o consumo excessivo de café e de adoçantes a base de sacarina e ciclamato de sódio.

Como fazer a Avaliação completa da gestante (Bioquímica, dietética, clínica e antropométrica) eu colocarei em um post exclusivo sobre Avaliação Nutricional. Quando estiver pronto eu colocarei o link aqui.

Agora estou comendo por 2! (não mesmo!)

Aquela desculpinha esfarrapada de gordinha sapeca de que agora deve comer por 2 é o maior mito da gestação! Não caia nessa...

No primeiro trimestre é fisiologicamente aceito até mesmo a perda de peso de até 3kg, mas pode ocorrer um ganho ponderal de até 2kg. O ideal é a manutenção do peso pré-gestacional (PPG). O ganho de peso deve começar aparecer a partir do 2º trimestre.

Você sabia que durante as 40 semanas de gestação uma mulher eutrófica que tenha ganhado 12,5kg de peso e teve um bebê RN com 3kg ingeriu ao longo da gestação 80.000 kcal?!

Esse ganho se obtém de um adicional energético em relação as suas necessidades normais em torno de 300 kcal por dia para o 2º e 3º trimestre, ou seja, não tem nada que comer por 2 não! Basta incluir 300 kcal por dia a partir do 4º mês.


Recomendações Nutricionais para a gestante
Macronutrientes: Proteínas, Carboidratos e Lipídios

PROTEÍNAS (10 a 35% das kcals da dieta)
As proteínas são importantes em todas as fases da vida, mas na gestação assim como na infância, adolescência e nos idosos elas tem ainda maior destaque.

No caso da gestação, o adicional protéico é necessário por causa do acúmulo no feto, no útero, do aumento do volume sanguínea materno, placenta e de todos os outros tecidos materno-fetais a serem formados.

É indicado que pelo menos 50% seja de alto valor biológico (AVB), leia-se origem animal, mas no caso de mães vegetarianas não é necessário se apavorar, pois com o mesmo teor calórico de uma porção de carne vermelha por exemplo, teremos o dobro do ferro em uma porção de feijões (leguminosas). Isso, automaticamente, já compensa a menor biodisponibilidade de ferro vegetal: se essa biodisponibilidade é metade da encontrada na carne, ao ingerirmos o dobro presente nos feijões a absorção será a mesma. 

Veja abaixo outras possibilidades de substituição da carne por feijões:


De acordo com a FAO/OMS(2007), a quantidade diária de proteína para gestantes é:

  • 1g/kg/dia - calculado sobre o Peso Pré Gestacional (PPG) ou peso aceitável + adicional recomendado para o período1g/dia no 1º trimestre, 9g/dia no 2º trimestre e 31g/dia no 3º trimestre.
A DRI(2001) preconizam quase a mesma coisa:
  • 71g ao dia para gestantes e lactantes, sendo que o valor de RDA= 1,1g/kg/dia de proteína.
CARBOIDRATOS (45 a 65% das kcals da dieta)
O feto utiliza glicose como fonte de energia, e essa glicose é derivada da mãe, por isso é necessário assegurar o seu suprimento de energia proveniente de carboidratos.

A ingestão diária recomendada (RDA) é de 175g/dia para gestantes e 210g/dia para lactantes. 

LIPÍDIOS (no máximo 30% das kcals da dieta, sendo as saturadas até 10% e colesterol abaixo de 300mg/dia)
Os lipídios são importantes no funcionamento do sistema uteroplacentário e na formação do sistema nervoso e retina fetal.

São também fontes de energia e melhoram a absorção das vitaminas lipossolúveis e dos carotenóides (precursores de vitamina A)

FIBRAS 
São auxiliares na prevenção de constipação e hemorróidas (comuns na gestação).
Sua ingestão deve estar associadas a ingestão adequada de líquidos (Preferencialmente água).

A recomendação é de 28g/dia para gestantes e 29g/dia para lactantes.

MICRONUTRIENTES: VITAMINAS E MINERAIS

As necessidades para o período gestacional de alguns micronutrientes como as vitaminas D e E, do Cálcio e do Fósforo, são as mesmas do período pré-gestacional.

Isso não ocorre para a Tiamina (B1), Riboflavina (B2), Niacina (B3), Piridoxina (B6) e Cobalamina (B12), cujas necessidades para a gestação aumentam de 30 a 40%. Isso ocorre porque nesse período de maior necessidade energética e protéica há também maior demanda dessas vitaminas, pois elas são cofatores do metabolismo dos macronutrientes.

As necessidades de Ferro, Iodo, Zinco, Selênio, Folato (Ácido Fólico - Vit. B9), Vitaminas A e C também são aumentadas, pois a deficiência dos mesmos podem causar anomalias fetais, síndrome hipertensiva, ruptura prematura de placenta, RNPT e RNBP.

Ganhando peso certo durante a gravidez

A quantidade de peso que a gestante deve ganhar durante a gravidez depende do IMC pré gestacional.

Você sabia que 1 em cada 5 mulheres norte americanas apresentam obesidade no início da gravidez?
Começar a gravidez com peso pré gestacional saudável é fundamental!

Mulheres com sobrepeso ou obesas que engravidam, aumentam o risco de Cesariana, retenção de muito peso após o parto e de ter filhos com excesso de peso.

Mulheres com baixo peso que engravidam, aumentam o risco de terem bebês prematuros ou com baixo peso ao nascer. 



ATENÇÃO!

Se a gestante já atingiu o total de peso recomendado, mas ainda encontra-se no 2º trimestre programar ganho mínimo de peso:
  •  0,5kg/mês para sobrepeso ou obesidade
  • 1kg/mês para as que iniciaram a gestação com IMC normal ou baixo peso

E se forem gêmeos?


Bastante informação não é mesmo?

Post mega extenso... então vou deixar pra postar amanhã os cálculos de gastos energéticos de acordo com RDA, DRI e mais uma fórmula de bolso bem simples. Cada nutricionista trabalha com um... vai da escolha da conduta de cada um.

Amanha o post é bem curtinho... só com as fórmulas e cálculos do GET para gestante de acordo com a idade, trimestre, se é gemelar, etc..

Depois eu monto outro só com dicas para aliviar os sintomas e desconfortos da gestação tipo enjôo, constipação e outros.

Chega por hoje! Beijoss,
Jéssica.

Referências Bibliográficas:
  1. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_gestacao_alto_risco.pdf
  2. Silva, Sandra Maria Chemim Seabra da. Tratado de Alimentação, Nutrição & Dietoterapia - Vol. 1. 2ª edição. - São Paulo: Roca, 2014.
  3. Material de Apoio Nutricionista Professora Mestre Simone Tonding. 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO

Ok, não somos médicos, mas no geral os profissionais da área da saúde (e o nutricionista é um deles!) têm a obrigação de aprender e saber alguns conceitos básicos da fisiologia humana. Vou dar apenas um panorama geral, do que considero mais importante para o nutricionista conhecer sobre fisiologia gestacional e sua relação com alimentação, nutrição e desenvolvimento humano.

Todo mundo sabe que mulher é uma máquina hormonal, não que os homens tenham menos hormônios, mas é que os hormônios femininos oscilam várias vezes (Oi TPM!), enquanto que nos homens as taxas hormonais são mais estáveis. Se já é assim no ciclo menstrual normalmente, imagine o que acontece durante a gravidez!

Abaixo um trecho de um matéria muito legal da Revista Super Interessante que fala das diferenças entre homem X mulher. Link da matéria aqui. 
“Pois o corpo feminino está continuamente se preparando para a gravidez. A diferença na regulação dos hormônios produz efeitos onde menos se espera.     A mulher tem a necessidade de respirar ligeiramente mais depressa que o homem", informa o pneumologista Flávio Tavares Martins, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. Respirar mais rápido, porém, não significa ter mais fôlego. A capacidade pulmonar do homem é que é maior (de 25 a 33 por cento). Isso lhe garante um desempenho melhor, por exemplo, em exercícios aeróbicos.”
Se você quiser saber mais sobre como o ciclo menstrual interfere nas emoções, veja este estudo clicando aqui.  É de uma Universidade da Califórnia (não achei a fonte, só a notícia... se souberem deixem nos comentários!).

Se interessou bastante? Então olhe mais este artigo que bacana:

Então vamos lá! O ciclo sexual feminino é mais ou menos assim:

Os neurônios do hipotálamo liberam o Hormônio liberador de gonadotrofina (também conhecido pela sigla GnRH, do inglês Gonadotropin-Releasing Hormone) direto para a hipófise, estimulando a produção pela Hipófise Anterior dos hormônios FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante), que juntos estimulam os Ovários a produzirem Estrógeno e Progesterona.


Esses hormônios são importantíssimos para a gestação, pois o estrógeno é responsável por preparar o útero para a gravidez, e a secreção de progesterona no final do ciclo menstrual é responsável pela nutrição e armazenamento nas células do endométrio, cujas células “nutridas” passam a se chamar “decídua”, que é a única forma de nutrição do embrião na 1ª semana.

A progesterona também é responsável pelo início do desenvolvimento da placenta, além de estimular o desenvolvimento das glândulas mamárias.



“Será que estou grávida?”

Sinais físicos para confirmação da gestação:

· 4ª semana: Amenorréia (ausência de menstruação)
· 5ª semana: Amenorréia + Náuseas
· 6ª semana: Amenorréia + Polaciúria (urina várias vezes ao dia, mas em pequena quantidade)
· 8ª semana: Aumento do volume e consistência uterina e aumento na pigmentação das aréolas
· 12ª semana: Útero palpável e batimentos cardíacos iniciais
· 16ª semana: Aumento do volume abdominal
· 18ª semana: Percepção de movimentos do feto
· 20ª semana: Ausculta dos batimentos cardíacos



Períodos da Gestação (Total de 40 semanas)

1.     Primeiro Trimestre: Data da última menstruação (DUM) até o final da 12ª semana – modificações biológicas (divisão celular)
2.    Segundo Trimestre: da 13ª semana até 27ª semana – maior influência dos hábitos de vida para a saúde do feto!
3.    Terceiro Trimestre: inicia na 28ª semana até o nascimento do feto – maior influência dos hábitos de vida para a saúde do feto!


Idade Gestacional (IG)

Dá para usar um Gestograma, posicionando a seta sobre o dia e o mês correspondentes ao primeiro DUM e observar o nº de semanas indicado no dia e mês da consulta:


Ou você pode calcular a partir do 1º dia do último período menstrual normal.

Se você sabe a data da última menstruação (DUM), pegue um calendário e some o nº de dias de intervalo entre a DUM e a data da consulta, dividindo o total por 7 para obter o resultado em semanas.


Se a DUM é desconhecida, mas a gestante sabe o período do mês em que ela ocorreu, segue-se esta regrinha:
  •  Início do Mês: considerar dia 5
  •  Meio do Mês: considerar dia 15
  •  Fim do Mês: considerar dia 25
Se a gestante não conhece nem a DUM nem o período, somente com o médico através de aproximação com:
  • Altura do fundo do útero
  • Toque vaginal
  • Data de início dos movimentos fetais (16-20 semanas)
  • Cálculo da data provável do parto (DPP)
Para isso deve-se considerar a duração média da gestação normal, que é 280 dias ou 40 semanas a partir da DUM.



Regra de Naëgele:

Se a DUM for de Janeiro a Março:
Somar 7 dias ao dia para obter o dia, e somar 9 meses ao mês para obter o mês. 
Exemplo: DUM 10/02/15
10+7=17
2+9=11
DPP: 17/11/15

Se a DUM for de Abril a Dezembro:
Somar 7 dias ao dia e subtrair 3 meses ao mês. 
Exemplo: DUM 13/09/14
13+7=20
9-3=6
DPP: 20/06/15

Quando o número de dias encontrado for maior que o número de dias do mês após ter somado os 7 dias, basta subtrair 30 ou 31 de acordo com o mês e o resultado vai ser o número que deu do mês seguinte, e deve-se somar 1 no número do mês. 
Exemplo DUM 27/01/15:
27+7=34-31=3
1+9+1=11
DPP: 03/11/15

Vou deixar o guia para atendimento nutricional de Gestantes para o próximo post, senão esse vai acabar ficando muito extenso.

Então no próximo vou abordar o que avaliar no atendimento nutricional de gestantes, quais as recomendações energéticas e questões sobre o ganho de peso.

Adoro esse conteúdo que foi lindamente ministrado pela Professora Mestre e Nutricionista Simone Tonding (CRN8 9692) e coincidentemente no semestre seguinte ela engravidou! Profe, obrigada pelos ensinamentos!


Espero que estejam gostando, beijos!

Jéssica

Artigos:
(01) SAMPAIO, Helena Alves de Carvalho. Aspectos nutricionais relacionados ao ciclo menstrual.  Rev. Nutr.,  Campinas ,  v. 15, n. 3, p. 309-317, Sept.  2002 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732002000300007&lng=en&nrm=iso>. access on  04  Dec.  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732002000300007.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

CONCEITOS BÁSICOS DE NUTRIÇÃO MATERNO INFANTIL


Oi gente! Vamos começar?

Então, o primeiro post de conteúdo do blog é uma introdução do que aprendi na disciplina de Nutrição Materno Infantil. Ao longo das postagens vamos abordar os seguintes tópicos:
  1. Conceitos básicos Materno-Infantil
  2. Aspectos Fisiológicos da Gestação
  3. Avaliação Nutricional da Gestante
  4. Recomendações Nutricionais da Gestante
  5. Gestação de Risco
  6. Aleitamento Materno
  7. Composição do leite materno
  8. Recomendações Nutricionais da Nutriz
  9. Crescimento e desenvolvimento infantil
  10. Fisiologia do Lactente
  11. Recomendações nutricionais do lactente
  12. Leite de vaca: mitos e verdades
  13. Fórmulas Infantis
  14. Alimentação complementar
  15. Nutrição do RN prematuro
  16. Abordagem Nutricional da criança pré-escolar, escolar e adolescente

No final de cada conteúdo eu apresento algumas referências e se eu conseguir (porque ainda não aprendi mexer direito nesse negócio aqui!) daí eu coloco alguns anexos úteis para nutricionistas e acadêmicos.

Para os posts não ficarem muito extensos, (ainda assim vai ficar, mas um pouco menos) eu vou fazer cada tópico em um novo post, daí vocês podem escolher ler um pouquinho cada dia.

Se vocês tiverem dúvidas, perguntas (qualquer pergunta mesmo!), é só deixar nos comentários que eu vou atrás da resposta para vocês, porque estou longe de saber tudo, mas vou me esforçar para trazer a nutrição mais para perto de todos... ISSO É NUTRIÇÃO ACESSÍVEL!

Conceitos Básicos de Nutrição Materno Infantil

Gestante: Mulheres de 10 a 49 anos (média de idade reprodutiva)
Nutrizes ou Lactantes: Mulheres que amamentam
Lactentes: bebezinhos que mamam (0 a 11 meses e 29 dias)
Pré-escolares: crianças em idade pré-escolar (12 meses a 6 anos)
Escolares: crianças em idade escolar (7 a 9 anos)

Esse grupo de indivíduos acima são considerados pela nutrição como um “Grupo Vulnerável”, ou seja, possuem exigências nutricionais elevadas por diversos fatores fisiológicos e metabólicos que iremos ver na sequência.

Mortalidade Infantil
Curiosidade:
Você sabia que houve redução na prevalência de desnutrição no Brasil entre 1990 e 2015 em crianças menores de 5 anos?
A taxa de mortalidade infantil no Brasil reduziu em 77% até 2014!

Mais conteúdo no site do IBGE clicando aqui.

Mortalidade Materna

Índice que verifica a morte de mulheres durante a gestação ou até 42 dias após o seu término (puerpério), por causas relacionadas à gestação ou ao parto, excluindo-se as causas acidentais.

A melhoria na qualidade de assistência e acesso aos serviços de saúde, como pré-natal pode ajudar a reduzir esse índice, em compensação a dificuldade de acesso a saúde, baixa escolaridade e baixas condições socioeconômicas tendem a aumentá-lo.

No Brasil houve uma redução nas taxas de mortalidade infantil e materna pelos seguintes fatores:
  • Redução no número de nascimentos;
  • Aumento do número de partos de mães com mais de 35 anos;
  • Aumento da procura de pré-natal, exceto pelas mães adolescentes que ainda resistem a fazer o acompanhamento.


Estado Nutricional Materno X Saúde

Um bom estado nutricional da mãe promove condições intrauterinas adequadas para garantir melhor condição física e mental no início da vida da criança. Por exemplo, se o IMC (índice de massa corporal) pré gestacional for muito baixo, significa que a reserva de nutrientes da mãe é muito baixa e o resultado pode ser RCIU(Retardo no crescimento intrauterino), um RN de baixo peso, prematuro ou ainda outras intercorrências. Se o IMC for muito alto, há ainda outros riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.

Conceitos Básicos:
  • Pré-natal: da concepção até o parto
  • Pós-natal: após o nascimento
  • Neonatal: os primeiros 28 dias após o nascimento
  • Período Perinatal: entre a 22ª semana de gestação até os primeiros 28 dias do nascimento


Idade Gestacional

Contada a partir do 1º dia do último período menstrual.
Quando o bebê nasce com menos de 37 semanas completas: PRÉ-TERMO
Quando o bebê nasce entre 37 a 41 semanas e 6 dias: A TERMO
Quando o bebê nasce com 42 semanas ou mais: PÓS-TERMO

Peso ao Nascer

Peso normal: 2500 a 3000g
Baixo peso (BP): menor que 2500g
Muito baixo peso (MBP): menor que 1500g
Extremo baixo peso: menor que 1000g
Macrossomia: 4000g ou mais

Quadro de Classificação do RN quanto a idade gestacional (IG) e peso ao nascer
Os RN que se encontram acima da curva superior (percentil 90) consideram-se como grandes para a sua idade gestacional. Aqueles que se encontram entre as curvas, consideram-se como crescimento adequado. Os que se encontram abaixo da linha inferior (percentil 10) consideram-se como pequenos para a idade gestacional. Para ficar mais claro, veja este exemplo abaixo:

Quadro retirado do Manual AIDPI Neonatal, 2012. Acesse aqui.

Mais alguns conceitos básicos desse grupo

Abortamento: morte ovular ou expulsão do feto antes da 22ª semana ou peso menor que 500g. (Abortamento precoce é até a 13ª semana, e tardio é entre a 13ª e a 22ª semana)
Óbito fetal: morte a partir da 22ª semana de gestação, antes da expulsão completa do corpo da mãe (antes do nascimento)
Nascido morto (Natimorto): nascimento de um feto morto com peso superior a 500g
Nascido vivo: qualquer sinal de vida ao nascimento
Retardo do crescimento intrauterino (RCIU): quando o peso do feto está abaixo do percentil 10 do peso esperado para a idade gestacional, conforme quadro acima.

Intervenção Nutricional Pré-natal

Contribui para a redução das taxas de morte materna e melhor desenvolvimento do bebê. Verifica e modula deficiências nutricionais como Anemia ferro priva, deficiência de Vitamina A, diabetes gestacional e obesidade.

O objetivo do acompanhamento nutricional é prestar assistência nutricional com a avaliação completa, diagnóstico nutricional e recomendações nutricionais, através de uma conduta individualizada, proporcionando mudanças no estilo de vida, acompanhando o crescimento e desenvolvimento fetal, tratando desvios de peso e doenças comuns do período, incentivando o aleitamento materno e preparando para o parto e lactação.

Fatores de Risco para a Gravidez
  • IDADE MATERNA:

Meninas menores de 15 anos não possuem maturidade biológica, econômica, emocional, educacional, além de que este tipo de situação causa uma instabilidade familiar pelo contexto todo.

Mulheres acima dos 35 anos possuem maior risco de anomalias congênitas, aborto espontâneo, diabetes gestacional e altos índices de complicações perinatais.
E aqui eu abro Parênteses bem grandes pelo seguinte motivo: Antigamente a expectativa de vida era muito mais baixa e as mulheres de 35 anos eram mais “envelhecidas” do que as de hoje. Nossa alimentação mudou, praticamos mais exercícios, estamos nos desintoxicando, tratando radicais livres e um milhão de coisas mais, mas infelizmente a literatura ainda mostra o que coloquei acima quanto ao risco da gravidez para mulheres mais velhas, mas está desatualizada, hoje sabemos muito bem que uma mulher saudável de quase 50 anos é perfeitamente apta a gerar um filho com saúde e com os mesmos riscos de uma mais nova.
  • IDADE GINECOLÓGICA:


IG= idade ginecológica
IC= idade cronológica
IM= idade da menarca (1ª menstruação)

O ideal é que a IG seja maior que dois anos, se for menor há risco pois a menina apresenta imaturidade fisiológica para a reprodução. Há ainda referências que indicam a IG adequada maior que 5 anos.
  • BAIXO PESO: 


Uma gestante muito magra apresenta risco de retardo de crescimento intra uterino e baixo peso ao nascer, devido ao menor fluxo placentário de oxigênio e nutrientes.
  • SOBREPESO E OBESIDADE: 

Gestantes nessas condições têm maior risco de diabetes e hipertensão, fazendo também com que haja maior produção fetal de insulina (excesso de peso), maior risco para o bebe ser GIG (Grande para idade gestacional), além de maiores taxas de cesárea e complicações obstétricas.
  • ALTURA DA GESTANTE: 

Mulheres menores que 1,47m apresentam dificuldade no trabalho de parto, maior risco de morte da criança e maior incidência de baixo peso ao nascer.
  • HISTÓRIA REPRODUTIVA ANTERIOR: Situações que já ocorreram com a gestante em um momento anterior a esta gestação.

  1. Morte perinatal explicada ou inexplicada
  2. RN com restrição de crescimento, pré termo ou malformado
  3. Abortamento
  4. Esterilidade/Infertilidade
  5. Intervalo entre gestações menor que dois ou maior que cinco anos (O corpo se prepara e recupera suas reservas em 24 meses, antes disso há chance de RNBP)
  6. Nuliparidade (1ª gestação tem maior risco de distúrbios hipertensivos associados a outros fatores) e multiparidade (Mais que 5 gestações anteriores aumentam o depósito de gordura)
  7. Síndromes hemorrágicas
  8. Pré-eclâmpsia e eclampsia
  9. Cirurgia uterina anterior
  10. Macrossomia fetal

Você sabia que até 2,5kg são incorporados no corpo da mulher a cada gestação, sendo maior após os 35 anos?!?!

O nutricionista terá uma conduta específica de acordo com todos esses fatores acima e além disso correlacionando com outras intercorrências clínicas crônicas que a gestante pode apresentar, como por exemplo:
  • Cardiopatias, pneumopatias, nefropatias, hemopatias, epilepsia, infecção urinária
  • Endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus)
  • Hipertensão arterial moderada ou grave e/ou que faz uso de anti-hipertensivo
  • Portadoras de doenças infecciosas (hepatite, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis e outras DSTs)
  • Doenças auto-imunes
  • Ginecopatias

O Nutricionista ainda vai adequar seu tratamento nutricional específico para a doença obstétrica que possa acontecer durante a gravidez atual, tais como:
  • Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico
  • Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada
  • Ganho ponderal inadequado
  • Pré eclâmpsia/eclampsia
  • Amniorrexe prematura (Ruptura prematura das membranas)
  • Hemorragias da gestação

Esse primeiro conteúdo foi mais para apresentar conceitos básicos sobre o assunto, serviu mais como uma introdução para mostrar o panorama geral da atuação do nutricionista com o grupo materno infantil e familiarizar os leitores com alguns vocabulários deste tópico.

Vou começar falando sobre os aspectos fisiológicos da gestação e depois sobre a avaliação nutricional da gestante, o ganho de peso adequado para cada trimestre da gestação, o tratamento de sintomas como vômitos, azia, constipação e como calcular a dieta para este grupo que tem necessidades específicas de micro e macro nutrientes.

Beijos,
Jéssica.